Você há de dizer: “Ora, cães são animais irracionais. É muito mais difícil adestrá-los ou treiná-los do que dar lições de apoio em matemática, por exemplo, para crianças de 10 anos. O preço está justo.”
Durante as poucas vezes em que pude observar minha mãe dando aulas para as crianças, a tarefa é realmente árdua. Eles sequer sabem fazer cálculos básicos de divisão e subtração, e têm sérios problemas em interpretar o próprio enunciado da questão. Como a minha mãe mesma diz: “Quando não se sabe interpretar, de nada adianta querer resolver uma questão que inicia com ‘Fulano foi ao mercado e comprou 7 maçãs, 2 limões...’; o problema é de português, não apenas matemática.” E vou parar por aqui, porque a intenção do post não é falar sobre educação no Brasil nem citar belas frases de Paulo Freire que são muito pouco aplicadas na nossa realidade educacional brasileira, infelizmente.
Meu cão, um pequeno pastor alemão de 7 meses e 30 quilos (um bebê), levou pouco para aprender com o adestrador que “Junto!” é junto, “Senta!” é senta e “Fica!” é fica. O que mais me impressiona é como ele ainda pode não ter aprendido a ler e a escrever depois de ter acompanhado minha mãe repetir tantas e tantas vezes as mesmas aulas para os mesmos alunos.
Minha mãe leva “aulas” para conseguir fazer com que a gurizada da 8ª série entenda a diferença imbecil (para nós) de verbos e substantivos, enquanto o Juno (meu cão), atende prontamente ao ouvir “Fica!”. Será que o Juno não deveria ler mais, resolver fórmulas de Báskara, declamar poesias de Camões e explicar como acontece a fotossíntese enquanto a minha mãe manda seus alunos rolarem na grama e fingirem de morto?
Será que não está na hora de colocarmos nossos filhos nas coleiras e prepararmos os cães para o vestibular?