24 de agosto de 2010

Gestão de Cães (Visão Sistêmica)

..................................................................................................................
Prezados leitores: recebi da exma. Sra. minha namorada (Roberta, para quem não sabe), um presente: o primeiro post dela para o blog. Quem sabe este não é o primeiro de muitos aqui no vasoruim?  :D
...............................................................................................

Essa semana meu pequeno cão começou aulas de adestramento, ou melhor, de Gestão Canina. O adestrador cobra R$ 30 por hora/aula, enquanto a minha mãe cobra R$ 20 por hora a aula particular em matemática, português e outras matérias de Ensino Fundamental.

Você há de dizer: “Ora, cães são animais irracionais. É muito mais difícil adestrá-los ou treiná-los do que dar lições de apoio em matemática, por exemplo, para crianças de 10 anos. O preço está justo.”

Durante as poucas vezes em que pude observar minha mãe dando aulas para as crianças, a tarefa é realmente árdua. Eles sequer sabem fazer cálculos básicos de divisão e subtração, e têm sérios problemas em interpretar o próprio enunciado da questão. Como a minha mãe mesma diz: “Quando não se sabe interpretar, de nada adianta querer resolver uma questão que inicia com ‘Fulano foi ao mercado e comprou 7 maçãs, 2 limões...’; o problema é de português, não apenas matemática.” E vou parar por aqui, porque a intenção do post não é falar sobre educação no Brasil nem citar belas frases de Paulo Freire que são muito pouco aplicadas na nossa realidade educacional brasileira, infelizmente.

Meu cão, um pequeno pastor alemão de 7 meses e 30 quilos (um bebê), levou pouco para aprender com o adestrador que “Junto!” é junto, “Senta!” é senta e “Fica!” é fica. O que mais me impressiona é como ele ainda pode não ter aprendido a ler e a escrever depois de ter acompanhado minha mãe repetir tantas e tantas vezes as mesmas aulas para os mesmos alunos.

Minha mãe leva “aulas” para conseguir fazer com que a gurizada da 8ª série entenda a diferença imbecil (para nós) de verbos e substantivos, enquanto o Juno (meu cão), atende prontamente ao ouvir “Fica!”. Será que o Juno não deveria ler mais, resolver fórmulas de Báskara, declamar poesias de Camões e explicar como acontece a fotossíntese enquanto a minha mãe manda seus alunos rolarem na grama e fingirem de morto?

Será que não está na hora de colocarmos nossos filhos nas coleiras e prepararmos os cães para o vestibular?