1 de setembro de 2010

Circo ao Gosto do Freguês

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Ehhhh! Novamente deixo nas mãs da Roberta o Post da Semana (se a qualidade das postagens continuar, acho que vou largar o blog nas mãos dela! huhhu) Já adianto que concordo com o ponto de vista dela!
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Já faz algum tempinho que está em temporada aqui em Porto Alegre o Circo de Moscou, e não fosse o fato do circo ter dado uma recauchutada bacana na vista da janela da minha sala de trabalho, eu nem teria percebido, tamanha pouca importância que hoje se dá aos circos.

Recordo-me que quando pequena, eu fui apenas uma vez ao circo, e na cidade onde eu morava tinha circo quase todo mês. Acho que fui mais movida pela curiosidade mesmo, coisa de criança, motivada pelas outras crianças também fervorosas de curiosidade e animadas pela possibilidade de poderem ver leões pularem círculos de fogo e mocinhas fazerem malabarismos.

Sempre fui uma criança medrosa. Na esquina da minha rua morava uma menina que tinha cães enormes e furiosos que latiam na grade toda vez que a gente passava, logo, visitar o circo para assistir espetáculos de leões e elefantes não era uma idéia que me agradava inteiramente, confesso. Também nunca gostei dos palhaços. Tá, vou contar um segredinho: morro de medo de palhaços. Mesmo hoje, sabendo que por trás daquela cara pintada e roupa larga existe um homenzinho legal que deseja arduamente fazer crianças e adultos sorrirem, tudo o que um palhaço consegue de mim é me manter distante deles. Vai ver isso tudo foi culpa do Bozo e sua overdose em aparições televisivas nos anos 80... Palhaços me despertam temor, angústia, medo, pavor, pânico!

Mas o grande fato é que eu penso que essa aura toda de circo já não tem mais aquela graça, aquele encantamento todo que parecia ter quando éramos menores e que nos despertava para o novo e diferente toda vez que caminhões coloridos e iluminados chegavam na cidade, trazendo animais de grande porte e seres humanos que desafiavam o poder da gravidade. A TV superou o circo e podemos assistir macacos adestrados no YouTube.

Não tem mais graça ir ao circo, essa é que é a grande verdade. Você pode achar isso triste, melancólico. Falar que o circo perdeu seu encantamento é tão deprimente como reconhecer que os antigos “Bailes de Carnaval” perderam lugar para a aBUNDÂncia de corpos bronzeados e “celebridades 15 minutos de fama à la BBB” na Sapucaí.

E quanto aos palhaços, meu deprimido leitor, você certamente não verá graça alguma naqueles bobalhões do circo. Aqueles palhaços de circo que você, leitor balzaquiano (ou não) se recorda, perderam toda a graça e magia do humor. Tiveram seus espaços tomados por palhaços de gravata e colarinho branco. Esses sim desafiam toda a graça do mundo querendo que você acredite que viver com R$ 26.723,13 mensais (subsídio dos Ministros do STF considerado teto para efeito de remuneração dos servidores públicos) simplesmente não dá, enquanto o pacato leitor deve ser “capaz de atender a suas necessidades vitais básicas a às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social” (Art. 7º, IV da Constituição Federal de 1988) com R$ 546,57 mensais (salário mínimo regional gaúcho).

Esses palhaços riem da sua cara nos 45 dias anteriores à antevéspera das eleições no horário da propaganda eleitoral gratuita, querendo que você acredite em “Vote Tiririca, pior que tá não fica!” ou “Com a minha fé e as fezes de vocês, vou ganhar a eleição.”

Para os que continuam gostando e admirando os circos e considerando-os como a forma mais tradicional de expressão da arte, recomendo deixar o Circo de Moscou de lado e visitar um com os mais modernos requintes da arquitetura brasileira projetado por Oscar Niemeyer:

Congresso Nacional - Brasília