3 de março de 2008

Volta às Aulas! ( e à Realidade)

O relógio tocou, minha mãe veio me acordar. Eram seis e meia da manhã. Eu sei que é vergonhoso admitir a forma de meu despertar, em vista a minha idade, mas eu tenho sono pesado. Como eu fui dormir tarde, acordei cansada. Tomei café-da-manhã, arrumei-me. E saí de casa rumo ao colégio. (Abaixo, a fachada do Colégio.)





Hoje foi um marco. É o último "primeiro dia de aula" que eu vou ter como juliana (= aluna do Colégio Júlio de Castilhos), um colégio que tem sido muito gostoso de freqüentar. Parece ser a última vez que as coisas começam na boa. Eu não sei se é bobagem minha, mas como secundarista, eu tenho um temor por vestibular, faculdade. Mais que isso, o temor é mais profundo, eu reflito: é o de sair das asinhas dos pais. A tão sonhada independência vem acompanhada pelo receio de abandonar velhos - e bons! - hábitos de dependência. De que adianta ter uma casa própria, se a louça suja da cozinha, a sala desarrumada e o banheiro imundo, é você mesmo que vai ter que limpar? Não que eu seja muito mimada, mas evitar a fadiga sempre é bacana, hehe
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Revi alguns colegas, alguns amigos, alguns nem tão amigos, alguns que eu nem sei se são amigos, enfim. Aulas de início de ano são boas porque são leves e de apresentações. A de hoje, foi marcada por protesto contra a sufocante falta de zelo com a Educação Pública gaúcha.
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A primeira aula, de Literatura, foi cansativa e com a mesma professora do ano passado, o terror profª Mallmann! (quase todos os alunos rodaram com ela no ano passado; a filha-da-mãe me deu um insatisfatório sete num trimestre! ¬¬)
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Já a segunda aula, teve um quê de delícia: foi de Química. E o que houve de delicioso? A professora conversou conosco, e tocou num assunto que eu achei muito oportuno: o valor que damos à educação, tópico que ficou borbulhando na minha cabeça, cheio de idéias para desenvolver. Falou também daquelas coisas clichês do tipo "pense no futuro, o mercado de trabalho está exigentem, blá³". Assunto clichê, mas ainda que muitos levassem a sério os conselhos, talvez não virassem "Zé Ruelas" no futuro... A professora, além de parecer super bacana, me deu uma motivação positiva, uma prontidão e um desafio ao "maravilhoso mundo da Química". Senti, com gosto, o ano escolar começar bem.
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Por outro lado, o ano não começou bem. Precisamos acordar à realidade: o ensino público gaúcho vai de mal a pior. O governo Yeda está unificando turmas, superlotando-as (a minha parece que vai contar com 35 "bonecos"!), e assim, prejudicando a dinâmica e aprendizagem do grupo. Além disso, nossa biblioteca tem horário restrito, quando antes ficava aberta diariamente! Corremos o risco de não termos aulas de laboratório por falta de professor que prepare as aulas (vejam bem, não é falta de material ou local, é falta de professor mesmo!). Ironicamente, como foram unificadas muitas turmas (de 100, passamos a ter 60, segundo uma professora), muitos professores foram "expulsos" do colégio, permanecendo somente aqueles que são nomeados e que têm tempo de trabalho no Julinho. Veja que graça: nós, em busca de professor auxiliar nas aulas de laboratório (cuja presença é obrigatória), e a Secretaria de Educação tirando-os de nós. O plano, pelo que discutimos na aula de Sociologia, parece ser o remanejamento do corpo docente das escolas públicas do Estado do RS, para possibilitar a demissão dos professores contratados, com a desculpa de reduzir gastos. Daqui a pouco, o ensino público será privatizado! Por exemplo, uma grande profª de Química que tive no meu 1º ano, a Marcilene, saiu da escola. Além da perda, como ficarão nossos laboratórios?
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A biblioteca e, principalmente, as aulas experimentais são importantes ferramentas de estímulo ao aluno a aprender. A fonte bibliográfica como meio de informação e aprofundamento teórico, e as aulas práticas, como forma do estudante ver, presenciar, observar, sentir como a teoria é aplicada. Eu só gosto de alguma coisa quando vejo fundamento, quando vejo razão em estudar, quando vejo pra que vai me servir. E se eu vejo graça, fica prazeroso! Aí, torna-se uma emoção que só! =D E tem coisa mais legal que fazer "mágicas" de Física ou Química? Sim, estou sendo bem infantil e ingênua mesmo. Tem coisa mais gracinha que misturar dois líquidos e observá-los tranformando-se num líquido pastoso e colorido? Ou acabar com o fogo da vela tampando-a com um refratário? É, eu fico bem bobinha e alegre com essas pequenas e simples experiências de aula.
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Não há coisa melhor na vida do que aprender, conhecer. Você começa a ver as coisas sob um novo ângulo e entende porque as coisas são como são. É apaixonante, eu me sinto até mais viva, interagindo com o que aprendi, entendendo essa interação. Dá satisfação, dá até uma sensação de "não estou sozinha". Pode parecer papo de louco para quem não entende, mas para mim, não há coisa mais instigante.



A Autora ressalta que a terceira aula que teve, a melhor e última do dia, foi a de Sociologia. A Autora simplesmente ADORA discutir com sua professora socialista (que já foi sua no ano passado, mas na disciplina de "Estudos Contemporâneos") sobre questões sociais. Também, ela sentirá falta do seu colega capitalista, Matheus, que trocou de colégio, pois apesar de não gostar muito dele, o colega apresentava argumentos plausíveis nas nossas acirradas, calorosas e produtivas discussões em sala de aula.

2 comentários:

acabouonescau disse...

Que nostalgia...
Eu sempre adorei os "primeiro dia de aula"... do tempo do colegio... principalmente quando eu estudava em colegio estadual... que depois que me mudei para Porto Alegre estudei no Rosario.. (menos mal que eu fazia parte da turma do "interior" que nao era minada de patricinhas) e, obviamente era a turma dos excluidos...

Serio mesmo, fiquei com muita saudade das aulas de historia, literatura, quimica e biologia... as minhas preferidas...
Boa sorte pra ti nesse ano e, que dessa vez, a Miss Mallmman nao seja tao rigida com os alunos!!

冬天。。。 disse...

As condições do ensino estadual estão vinculadas à ridícula parcela da arrecadação que o governo federal repassa aos federados estaduais. Isso não deve ser ve como desculpa, mas creio que ajude a entender a crise que encara o sistema educacional. (é mais interessante financiar bolsa-fome, bolsa-miséria, bolsa-vagal entre outras, do que investir na educação). Ei, volta às aulas ao menos serve pra comprar material escolar bacana! hehe