20 de abril de 2008

Vestindo a Camisa

O ambiente era a academia. Entre uma máquina de musculação e outra, eu observava. O sujeito, um tiozão, portava sua camiseta vermelha com brancos escritos russos, com um símbolo em vermelho notável: uma foice e um martelo. Sua bermuda, estilo surfista da marca Billabong, arrematava o seu look.

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Mais do que as palavras, os gestos e a aparência da pessoa revelam muitas informações a seu respeito. Não é que eu seja crítica de moda, não tenho conhecimento - ainda - para tanto. Por mim, cada um veste-se do modo que bem entende. Mas eu acho adequado a um senhor de certa idade o uso de vestes mais sóbrias; usar bermudão de gurizão não lhe cabe, assim como não é aconselhável uma senhora vestir roupas coloridonas e extravagantes. A desarmonia não condiz com a maturidade.


Além de ser incoerente. O peito do homem estufava um suposto orgulho comunista, mas suas cuecas escondiam-se atrás de um inegável comportamento consumista. Ou o homem pensou algo do tipo "vermelho+branco+preto fica legal, esse símbolo é fashion, coisa russa é exótica", ou nem sabe do que a ideologia trata, a camiseta é style e fim de papo.
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Ou talvez não tenha nada a ver com política: CCCP - sigla presente na camiseta - era a Seleção Soviética de Futebol (site que vende réplica). Até porque (se não me engano) em tempos de Copa do Mundo, tava na modinha usar estampas de bandeiras de países, como se fosse uniforme da seleção do país. Também há outra hipótese: podia ser uma peça da coleção de uns dois anos atrás da Renner, que tinha umas vestes masculinas com temas de guerra. Não sei.

Dia desses, ouvi uma colega ignorante declarar na aula de Inglês que, independente da mensagem, o que valia pra ela era a "beleza" da roupa. Se ela pôr uma batinha super gracinha, mas que tenha escrito em letras garrafais "Stupid Fat Bitch", ela está certa de que vai a-ba-far. E eu não duvido.

Sempre que tinha oportunidade, um punk ex-colega meu desenhava no quadro negro o símbolo anarquista. Só que ele andava tão chapado que acho difícil pensar que ele sabia o que aquilo significava. Outra: um conhecido meu usando uma camiseta rubro-negra bacana, com um "ANARCHY" estilizado, e aquele A super in naquele círculo gracioso.
Independente da visão política, afinal de contas, vestir-se não é só combinação de cores. Vejo a moda além do glamour, como forma de exteriorizar características da personalidade da pessoa, como arte. É idiota abraçar a causa e não fazer jus a ela, nem ao menos compreendê-la. É deprimente não ter o que dizer sem abrir a boca. Pior ainda é ser pseudopolitizado: além de ignorante, é brega.

Mas claro, há a possibilidade do tiozão ter provocado essa antítese ideológica de próposito, pra ver quem iria ser perspicaz o suficiente para refletir a respeito. Aí sim, "benhê", ele a-ba-lou.

A Autora comprou há alguns meses uma regatinha com a estampa "I'm a Lucky Girl" e é criteriosa em relação às comunicações visuais que busca passar. Dependendo do seu humor e da qualidade do seu sono, obviamente. =P


À PARTE DO POST: Entre umas pesquisas no Google, achei o bizarro Super Comunista. Confiram!

2 comentários:

冬天。。。 disse...

O Supercomunista rules! é uma excelente história, recomendo a todos! hehehehe (primeiro comentário! uhu)

冬天。。。 disse...

Ah, eu tb tenho uma camisa CCCP (ganhei do meu pai) e nem por isso sou comunista! E não vejo nada de errado no Tiozão usar bermudas de surfista para PRATICAR exercícios... (queria que ele fosse na academia de calça social e suspensórios? hehehe). Lembra que já te falei da quantidade de gente que usa roupas com ideogramas chineses e não sabem o que significam? pra mim é quase a mesma coisa... hehe