15 de fevereiro de 2008

Born to be WILD!

Em plena sexta-feira, estava a Dani voltando do estágio no final da tarde - com aquele solzinho alegrador - pra sua casinha. Eis que ela vê uma menina andando "perigosamente" de bike, destemidamente. Na verdade, a guria andava na boa, mas eu achava ela bem desmiolada, com a bike trepidando, sem capacete e tal. Não que eu usasse, mas é prudente usar!



Lembrou-me de quando eu fazia isso, na minha infância. Minha avó tem um sítio próximo de Porto Alegre. Lá tem bastante espaço e mato. Lá que eu descia rampas de bicicleta, bem faceirinha. A menininha lembrou-me da vez que "quebrei a cara", quando descia uma rapinha e entrou-me poeira de areia nos olhos. Perdi o controle da condução. Conclusão: chorei, machuquei-me - até sangrou! - e nasceu a "cicatriz de Harry Potter" que tenho, até hoje (que não é muito perceptível) na testa!

O que eu realmente pensei foi se a guria sabia que podia cair e se quebrar toda. Será que sabia das conseqüências dos seus atos? Isso é bem comum da juventude: não pensar no que pode vir depois. Pode ser por desconhecimento ou pela despreocupação por o que pode ocorrer. Eu já fui muito inconseqüente - e claro, ainda sou.. mas bem menos! - quando não queria, temia ou não tinha tempo pra pensar melhor a respeito de algo.

Ainda mais quando envolvia paixão no meio. A Razão saía correndo janela afora e suicidava-se. Até hoje me lembro, quando num impulso de "ou vai, ou racha", queria declarar-me para um menino na 7ª série, hahaha! Foi engraçado, foi deveras audacioso. Mas foi, acima de tudo, capaz de me expor. Me expôs ao ridículo, porque o babaca me dispensou. E foi melhor assim, ele era bobo :P. Meu ato ridículo, mas ainda corajoso! A pequena Dani não pensou direito. Se arriscou demais num solo que ela JURAVA ser firme. E era, até que amoleceu (sem interpretações dúbias, seus pervertidos!), e eu me atirei com tudo, pra reafirmar-lo. Não deu outra: morri na lama.


Hoje eu tenho medo dos riscos. Eu me considero medrosa, por ser cautelosa demais. Antes de fazer algo que não seja espontâneo, de supetão, eu penso no que pode acarretar, se pode causar uma impressão errada. Todos já pensaram num "e vai que queima meu filme?", né... Ano passado, eu tive colegas que me enchiam o saco, me tiravam pra "nerd". Eu ficava fria, na minha, ignorava. Mas no fundo, aquilo irritava. Um dia, fui provocada, e simplesmente saiu um revoltado "Que a Danielle, o quê! A Danielle, um caramba pra ti!". E o fulaninho, pego de surpresa, sentiu-se intimidado e ficou bem na dele. O que foi aquilo? Aquilo foi o vômito dos intragáveis sapos que eu vinha engolindo. Por que eu não havia o feito antes? O que me travava? O medo. De descontrolar-se, de bater, de apanhar (bah, guria violenta :P), de chorar de raiva, de sabe-se lá. Das conseqüências.

Será que tomar conhecimento do que pode-se perder nos torna maduros ou medrosos? (relembrando o post sobre maturidade do Eduardo) Será que ignorar o pessimismo - e o senso realista - nos faz estúpidos, porém destemidos? Alguém há de dizer "procure o equilíbrio". Um psiquiatra diria isso. E o diabo do equilíbrio, como a gente sabe o seu paradeiro? Pior quando dizem "Descubra..." com um tom misterioso e pseudo-sábio. Eu sei que cada um deve descobrir por si mesmo, mas, francamente! Porque não nos dão uma pista? Irrita, sabe?

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Tem uma personagem do seriado House (a da foto) que, pela dúvida de portar uma doença genética, ela arrisca-se constantemente: a dúvida dá forças a ela para fazer o que quiser, a não ter nada a perder; afinal, ela poderia morrer da doença mesmo, não pulando de bungee jump. No mesmo seriado, um paciente que recebeu erroneamente o diagnóstico de câncer em fase terminal resolveu "viver": vendeu sua casa, fez festas, contas que não seriam pagas, etc. Quando ele descubriu que viveria bastante, ficou irritado e quis processar seu médico. Porque o médico privou-lhe o direito de "viver" sem medo de morrer.
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Falando em medo de morrer, tem coisa mais emocionante que jogar tri viciadinho um jogo do tipo Counter Strike, correr o risco de vida, ser baleado e renascer ao simplesmente fechar o programa? Eu jogava um joguinho semelhante, que eu me desesperava - de verdade mesmo! - quando um cara vinha querendo me assassinar...

Hoje, me dá calafrio na barriga só de pensar nas "mini-montanhas" que desbravava abaixo. Não tenho coragem, e fico me acusando de covarde, dentro de mim. Mas quando eu era pequena, eu nem pensava na possibilidade de quebrar a espinha e ficar paraplégica, ou quebrar a perna ou o braço. O medo nasce da memória: de já ter visto alguém que tenha passado por isso. Vontade tenho de arriscar-me mais, em tudo na vida - seja no brinquedo do parquinho que dá loops, seja em relacionamentos emocionais, seja em viajar, seja em depositar confiança em alguém, seja em demonstrar afeto, que seja...-, de não ter medo de quebrar-me. O medo da dor. Pra não ter medo de cair da bicicleta, você tem que saber que o plano por que as rodas passam seja firme. Aí que surge a confiança na certeza do sucesso.

[constaria aqui o vídeo que a Autora, após inúmeras tentativas, NÃO CONSEGUIU pôr ¬¬ então, vai o link mesmo.]

A Autora acha que essa música, "Born to be Wild", retrata bem a postura de um motoqueiro destemido, com seus cabelos correndo na brisa. Além de ser música-tema de uma propaganda de cigarros antigona, acho que da marca Hollywood. Sente só a maldade dos tiozões :P e a enjoativa bandeirola estadunidense. Bobagens à parte, a Autora quer manifestar seu apoio e carinho à amiga Carol. Pode contar comigo, viu?

2 comentários:

Unknown disse...

AHÁ!!!!!!!!!

E deu erro aqui quando tentei comentar! \o/

Enfim, eu tinha dito que se arriscar vale a pena quando realmente queremos algo ou dependendo do que estamos arriscando...

Ah, e que a vergonha não ajuda em nada! lol

Bom, beijos pra minha bot favorita! =**********

Aparecerei mais vezes, sim! \o\

冬天。。。 disse...

Calma, calma! É óbvio que tinha lido o teu post, DUH! é só porque nem sempre me vem algo inteligente a mente pra escrever (como se eu fosse capaz de escrever coisas inteligentes, hehe). Quanto ao teu ato de se declarar... puxa, muito legal tua atitude! Concordo que a linha que divide medo e prudência é muito tênue (hoje mesmo me vi em cima dela) mas a unica forma de avaliar isso é pelo arrependimento (ou não) posterior que nasce como resultado.