13 de fevereiro de 2008

Estranhas Convenções Sociais - Parte I

Há algum tempo, vinha elaborando um post com o objetivo de agrupar hábitos que nossa educação e nossa cultura ensinaram a serem - inquestionavelmente - seguidos. Falo da cartilha dos bons modos, da etiqueta. Não sou totalmente contra esses hábitos de polidez, acho imprescindível a boa educação e os bons modos para uma harmoniosa sociedade e saudáveis relações interpessoais. Mas há exageros dispensáveis (talheres aqui, convites de casamento ali, etc). Há também hábitos que não são tão exagerados, mas dispensáveis. Ou no mínimo, sem nexo.
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O hábito de hoje (inspirada na conversa com o Eduardo e a Carolina sobre despedidas) é o beijo facial. A cultura brasileira é bem calorosa e permite contatos corporais proibidos por outras. É um costume que na internet virou moda, e em cartõezinhos também. "Meninhas bonitinhas" mandam beijos virtuais até pro Zé Ruela do orkut que elas, ao vivo, nem olhariam. Não só elas, mas uma monstruosa população virtual manda beijos pra quem nunca beijaria, de fato. Ou pra quem nem conhece. Conhecidas minhas, que sequer olhariam pra minha cara, mandam-me "beijos" ao final de suas mensagens escritas. Ora, que falta de auto-respeito! Falta de amor a sua própria boca! Afinal de contas, por que essa falsidade, esse carinho estúpido e vazio? A quem queremos enganar? Será que a necessidade de carinho da sociedade contemporânea é tão desesperadora a esse ponto? Quais poderiam ser as causas? A dependência das máquinas e conseqüente falta de calor humano, a individualização de cada um, ou a social hipocrisia? Tudo aponta para o bendito costume, já enraizado aqui.

Pior que esse exemplo, é ver vários parentes seus cobrando beijos do caçula da família. "Rafa, dá um beijinho aqui, vai!", é o que eu ouvia, uma ordem a minha pequena priminha. Tá certo, ela é pequena e encantadora. Mas recusava-me a pedir seus beijos. Além do meu orgulho, qualquer carícia obrigada não tem valor sentimental. Fora o constrangimento ao qual submeteria a pequena. Sim, se ela se aventurasse a negar o afeto, o que era uma constante, vinham as ameaças: "Quem foi que te deu a bonequinha?" ou "Não vai dar um beijo pra tua/teu [vínculo familiar: tia, primo, tio, etc.], que tanto te dá?!".Pequena era, pra saber da importância que damos ao costuminho bobo. Pois eu não compactuaria com essa sujeira, deixava-na em paz. Não é que, por gratidão ou por simpatia, a mim ela sempre corria a dar beijos de despedida? Não é que, notavelmente, ela me adorava mais que aos outros? Seja pelo exemplo feminino que eu dava("a garota grande que eu quero ser", devia pensar) ou por outro fator, verdade é que causava até uma ponta de inveja aos que agradavam-na demais, e não recebiam em troca a natural e sincera demonstração de amor da criança.

Todavia, a coisa MAIS DESAGRADÁVEL é algum fulano te puxar pra um beijo no rosto indesejável, e você, pega de surpresa, não saber esquivar-se (o que é normal). O sentimento provocado é de ASCO indescritível. URGH! Ainda mais se você nem conhece direito o cara, e já sente aquele olhar "de quem está escolhendo no açougue a carne que vai assar no próximo churrasco", literalmente. (Abaixo, a expressão que a Autora faz, dentro de si, quando isso acontece. O modelo exemplar é o seu irmão. Sim, a expressão facial é feia e horrorosa, até de pânico, mas não podia ser mais fiel à sensação.)

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Além da minha timidez natural, eu considero o beijo, mesmo o facial, um contato físico cunhado de certa intimidade. Não é raro que vejam eu escrevendo 'meus cumprimentos', 'abraços' (equivalentes ao aperto de mão) ou um gélido e talvez constrangedor - a quem espera um afago e se vê frustrado - 'tchau'. Eu até os evito! Não que meus 'Tchaus' tenham essa intenção anti-social, na maior parte das vezes, são sorridos e simpáticos.

Para minhas amigas, colegas, apesar de não ter a iniciativa (seja por vergonha ou por baixo grau íntimo), não nego o carinho, por saber que cada um tem seu jeito de expressar sua afeição. Aos rapazes, ainda mais no ambiente de academia, descobri que não é bom "dar corda", pois suas intenções geralmente não são muito amistosas (mas como eu não sou hipócrita, nem freira, se eu tiver um certo interesse, né... Que vem a calhar, ô, se vem! :P hahaha!). Aos meus AMIGOS, rapazes/homens que nutro saudável afeto, eu acho aceitável e agradável a troca da carícia. Se bem que a eles, eu prefiro os "cumprimentos do gueto" (bate aqui, brother! :P). Quem não se lembra do cumprimento bizarro do Will Smith, no seriado "Um Maluco no Pedaço"? :D



A Autora sabe que falando assim, dá a impressão que é fria e quer afugentar todos a sua volta (hahaha, não é isso! :P). Bem pelo contrário, quem a conhece sabe o quanto é carinhosa e receptiva. Contudo, ela considera o RESPEITO a base de qualquer relação entre pessoas, sendo ele fundamental com a intimidade alheia para a construção da CONFIANÇA num relacionamento.

5 comentários:

acabouonescau disse...

Tenho o costume no final das minha mensagens e o que for colocar bjinhos...
Nunca pensei pelo lado que tu colocou no post.. ate pq muitas vezes qdo estou conversando pessoalmente com uma pessoa e vou me despedir e nao quero dar os ditos beijinhos, eu simplesmente vou dando passos pra tras e falo: beijinhos, mas nao dou eles..

Vou pensar numa meneira gentil de me despedir em msg...

por enquanto vai um ate o proximo post ou comment..hehehe

Anônimo disse...

Pior...sempre pensei nisso..mais ainda no por que de se dar 3 beijinhos??? nunca os dou!!! pq 3?? numero par dá azar? pra invadir mais o espaço da pessoa? "3 pra casar.." essa é a pior...hehehe!
ah tb o "tchau-tchau" pq 2x?? tem que ser enfático em dizer "cai fora!"?? ninguem é gago nem surdo...
mas...quanto a despedir-se com beijos no fim de cartas ou textos... um atenciosamente já demonstra afeto...ou...

té!!

Luiz

Anônimo disse...

Ai miga, eu vivo dando bjinhos nos meus amigos, mas só nos que gosto, me recuso a bjr quem não quero.
Ps: ADOREI AS FOTINHOS...

Em outra circunstância, eu te mandaria bj,mas assim cm "acabouonescau", estou pensando em cm me despedir de ti.

冬天。。。 disse...

O mais bizarro é quando alguém, após um encontro presencial, se despede dizendo: bem, nos vemos por ai, UM ABRAÇO! hahaha dá vontade de dizer: então vem cá com o titio Barney ganhar um abraço especial! hehehe

Anônimo disse...

prosa muito agradável :)