6 de fevereiro de 2008

Raiva

Em mensagens anteriores comparei o sentimento da raiva com o pânico e a paixão. Na ocasião critiquei esta emoção que é tão endeusada pela mídia e reverenciada como uma dádiva. Do mesmo grupo, desta vez minha mira aponta para sua prima, a raiva.

Em primeiro lugar, reconheço que da paixão pode nascer algo produtivo e postivo, o amor (ainda que a maior parte do que brota da paixão seja idiotices e crianças indesejadas). A raiva de fato só serve para uma coisa: gerar mais raiva. Por vezes é assustador quando presenciamos um cidadão enfurecido dar vazão ao que sente.


Estou longe de ser um exemplo para alguém, mas aprendi cedo na vida que NUNCA devemos agir quando tomados por cólera. Lembro quando tinha 5 ou 6 anos e organizava meus brinquedos, que sofria alguma "pentelhação" infringida pelo meu pai. Aquela constante incomodação foi me tomando lentamente, até que saquei meu chinelo e num gesto de fúria bati no chão e pedi que parasse a provocação.

Para minha surpresa, e profundo arrependimento, havia golpeado um de meus brinquedos, quebrando-o (isso que eu nem sou e nunca fui forte). Perplexo, fitei meu pai buscando alguma palavra de consolo ou esperança e ouvi um comentário do tipo: "Viu só o que fizeste? Eu não tenho culpa, quem bateu com o chinelo foste tu, a culpa não é minha... Aquilo me deixou ainda mais brabo, dessa vez brabo não só com ele, mas principalmente comigo. Na minha cabeça, eu de fato era inocente, pois agi impelido pela provoção. Porém, mesmo que isso desculpasse minha ação, não traria de volta meu brinquedo, nem tampouco servia para amenizar o arrependimento que eu sentia.


Ali aprendi que a raiva nada de bom pode trazer, e que agir tomado por sua força só gera mais raiva e arrependimento. O mais importante para mantê-la afastada, é detectar ela de longe: logo que brota em algum cantinho da sua mente, devemos apontar pra ela e dizer: "opa! to te vendo ai malandrage, pode ficar quieta e escafede daqui!" Entender o que atraiu ela e a fez sair daquele buraco escuro da mente é o segundo passo para erradicá-la.

Não estou afirmando que seja possível nem muito menos fácil eliminar a cólera. É normal sentir raiva e ficar eventualmente brabo... Só desejo que ninguém se deixe dominar pela ira, e sim que saiba identificar quando ela aparece e ser aguardar que vá embora antes de agir.

O Autor também recomendaria jogar golfe, mas como estamos num País no qual esse esporte é disponível somente para as "elites", e a pescaria vai contra meus princípios, sugiro que tomem maracujina...


3 comentários:

Danielle disse...

Concordo. Deixar a raiva acumular-se é prejudicial. O negócio é tratar de resolver o mal pela raiz. Eu me irrito muito facilmente com meu pai e meu irmão. Meu pai, por ser parecidíssimo comigo; meu irmão, por ser pentelho. Mas, às vezes, quando não há compreensão de uma das partes, é difícil de evoluir..

Às vezes a raiva é motivadora. Não só em vinganças, mas, sei lá, situações do tipo "vou provar que eu posso!", sabe?

Fomos numa livraria, as gurias e eu, e um livro me chamou a atenção [PUT HERE nome do título que não lembro], que falava q discutir a relação (referindo-se aos relacionamentos "amorosos-sexuais") é sem fundamento. Assim como a raiva deve ser discutida, eu acho que a comunicação é fundamental num relacionamento, seja do gênero que for. A discussão leva à fonte, a fonte deve ser cortada, e assim entrar-se num consenso = equilíbrio, harmonia = felicidade e sucesso numa relação. Fiquei curiosa pelo livro contradizer o que acredito.

Criancinha Feliz comenta: quando eu crescer(verticalmente?! :D) eu quero ser igual ao Tio Dudu :D

[HAUAHUAHUAHUAHAUA]

Anônimo disse...

viva a letargia

Anônimo disse...

Sábias palavras ;-)