27 de janeiro de 2008

Aparente Felicidade

Como comentei com o Eduardo, acho bacana a idéia de fazer um "Passa-ou-Repassa" (by Celso Portiolli :D) aqui no blog. É interessante que alguém sugira um assunto, dê seu parecer e o outro, da mesma forma, desenvolva o assunto sob uma nova visão. Para mostrar aos leitores a opinião de ambos inquebráveis que postam aqui. Claro, isso servirá para temas mais polêmicos e especiais, de maior reflexão, que mereçam maior atenção. Pode acabar rolando um fight ideológico :P hahaha

A felicidade de sentir-se uma pequena engrenagem da grande máquina motriz da sociedade, ou seja, fazer bem seu trabalho, ajudando para o bem da comunidade, ajudando o próximo, é uma satisfação boa. Quem recebeu uma educação altruísta, quando pequeno, sente-se assim.


Eu, quando comecei meu estágio, ficava constrangida com as tarefas banais que deveria realizar. Não queria ser arrogante, mas sentia minha capacidade mental menosprezada. Hoje, vejo que apesar de eu representar uma pequenina engrenagenzinha, sei que fazendo bem o que me for solicitado, por menor que seja, ajudará na otimização e no funcionamento da grande máquina da instituição a qual pentenço. E por mais bonitinho, mas realista, que seja pensar "Faço alguma coisa que ajudou indiretamente a sociedade a mover-se!", eu me sinto feliz. É uma forma de começar a galgar a grande montanha do profissionalismo, além de ter tido a recente oportunidade de conhecer ótimos companheiros de trabalho (e sabem que é verdadeira a minha estima, não estou fazendo um "agá").

Já me surpreendi vendo uma propaganda de porcelanatos, em que o maior apelo marqueteiro era a 'inveja das suas amigas'. Sentimento vil esse, ser "feliz" pela inveja alheia. Mas não sejamos hipócritas, todos nós fazemos isso, só não admitimos ou encobertamos nossos olhos pra não vermos a podridão da nossa natureza. Às vezes é até inconsciente - meu lado otimista, crente na benevolência humana, tentando dar seus ares! -,talvez seja cultural mesmo, aprendemos a pensar assim observando nossos próximos. Numa sociedade capitalista e consumista, que dá valor sobretudo às aparências, causar inveja é mostrar-se superior; e não é o objetivo do senso comum humano ascender socialmente, ambicionar o poder? Num mundo em que o poder dita as regras, tê-lo em mãos não é tentador? Tenho minhas dúvidas, se isso é convenção social ou é da real natureza humana, hábitos adquiridos pelos séculos passados.

O chique, o glamour, é o que comanda. Por mais socialista, comunista, desprendido de valores que alguém possa ser, duvido que não se sinta tentado pelos prazeres superficiais do consumo luxuoso. Isso é ser humano. Das minhas pesquisas pela internet, achei esse blog interessante, vale a pena ler essa postagem. Fala das dez coisas mais caras do mundo. Deslumbrem-se com diamantes, rubis, ouro e demais preciosidades. Preciosidades estas, sem profundidade. O brilho deslumbrante, vazio do diamante. Não estou sendo invejosa, e gosto de jóias. Mas é exagero todo esse luxo. Tudo isso em busca de status social. A eterna luta de classes, que o Marx tanto falava... E de profundo, que há nisso? Como discuti com o Henrique um dia desses sobre Língua Portuguesa, apesar de dar valor à aparência, não importa, a essência da comunicação que é fundamental. Assim como a Língua, de que vale toda ostentação áurea, se a pessoa pode valer nada? Ela é feliz com uma pepita de ouro? Também acordamos, Henrique e eu, que "Dinheiro não traz, proporciona alegrias" (nisso, o Eduardo já enfocou). É como disse Chico Buarque na letra de "Choro Bandido", as aparências imperam.


"Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções.
Mesmo miseráveis os poetas,
Os seus versos serão bons."

.

Normalmente, não valorizamos de verdade o momento. Não é difícil ver alguém dizer da sua infância "Era feliz e não sabia."; daqui a alguns anos, essa mesma pessoa vai dizer de si "Na mocidade, fui muito feliz!'. Ora, seja feliz agora, reconheça a felicidade, pare de ficar se fazendo ¬_¬ (pra quem não sabe, esse smile "¬_¬" significa "olhar de canto, com ar de 'aff!', demonstrando certo desprezo") Felicidade é você quem constrói, com diamante na mão, ou com um colar de latão. Eu sei que sou feliz, e me dou tapas na cara - estou me valendo de hipérbole! Não sou masoquista, já disse! - quando a tristeza me acomete.

A Autora lembrou-se agora que, numa Páscoa passada, sua avó ofereceu-lhe um anel de ouro para presenteá-la. Ela aceitou, mas não sabia como brincar com um anel. Ela preferia um brinquedo de plasticão, made in china. Hoje ela sabe que o anel vale mais materialmente, e que com um anel, dá pra comprar muitos plastiquinhos felizes :D. Fora o fato dela ter adquirido sensibilidade para apreciar a beleza sutil de um pequeno brilho numa bela mãozinha delicada. A Autora também adora Charles Chaplin!

4 comentários:

Anônimo disse...

Esse é um hábito das pessoas, que infelizmente todos compartilham. Ser feliz é: controlar tudo a sua volta. Amor, dinheiro,trabalho e o que mais for conveniente. Todos sabem que não é assim, ma so fazem. E é verdade, é sempre reconfortante quando vemos que outra pessoa tem menos do que nós, quem nega sentir isso, está mentindo. D:

冬天。。。 disse...

A inveja é um dos sentimentos mais mesquinhos e sem sentido que conheço. Já pessoas terem coisas ou fazerem coisas que eu gostaria de ter tido ou feito, mas nunca lhes desejei mal, mesmo que achasse que outros desejassem mais aquilo que possuiam. Quanto à felicidade, concordo que cabe a nós mesmos construí-la, o que não torna a tarefa mais fácil...

Anônimo disse...

OHHHH...mas a estagiaria nova, além de ter um par de olhos azuis muito bonito também é uma grande escritora!!!!

Parabéns...eduardo deveria efetivar a estagiaria como uma escritora permanente do blog!!!

Unknown disse...

Acho que a inveja mais sincera não é aquela que cobiça sua jóias, carros, fama e dinheiro mas aquela que se intriga com a facilidade e simplicidade de uma pessoa pode ser feliz com o que tem, transformando e se adaptando com o mundo a sua volta... a felicidade e alegria crescem dentro de nós, não são os objetos adquiridos que vão nos fornece-la.